É como traduzir o silêncio que me sustenta. Páginas em relevo com o meu sagrado. Meu segredo. Secreto santuário. Flores do meu jardim, frutos do meu quintal. Mais uma parte que parte, põe-se a caminho, segue viagem, vai embora, retira-se, afasta-se, foge. Mais uma parte que parte, dividi-se, separa, quebra, reparte-se. Mais uma parte que parte, tem origem ou começo, procede, provém, decorre, deriva, nasce de mim.Mais uma parte do segundo mais tarde, nas ruas que escolhi.

sábado, 25 de junho de 2011

O que foi mesmo que esqueci?

Tento lembrar dos momentos tão perto do agora mas, esqueci. Esqueci o que deixei e o que perdi. Esqueci do há pouco. Há pouco em que na minha vida? Que pouco é esse se não a falta inescrupulosa do imenso que deixei? Sem nenhum tipo de limite procuro algum motivo ridículo que me fazia ter o riso mais bobo dos tolos que me falta. Algo morre a cada dia por excesso de limites morais, por conhecimentos não praticados, esquecidos e arraigados em terras de saudade do que não tenho e em tão curto espaço de tempo, esqueci. Choro o não lembrar que era eu mesma que ria nas lembranças que ainda tenho ao olhar o pouco tão perto que se vai esquecido.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

ele


 Um dia desses, ele parou. Parou em um daqueles buracos que o engoliam por longos tempos, por dentro e o absorviam inteiro. Da cabeça aos pés entranhados em coisas esquecidas presentes insistentemente em dias como esses em que se para em um daqueles buracos. Estava dedicado, abdicado, profundamente convicto que aquele era seu lugar. Algo particular e seu. Mas, apesar de todo conforto de um lugar comum, sabia que era um dia daqueles se perde o sentido de ser diante de tudo que se busca, busca e busca em uma esquina dessas que cruzam as ruas que se caminha.
Fechou os olhos e viu que dançava e rodopiava e dançava e dançava e rodopiava até o fim daquela estação. Como se tudo fosso valsa com batuque, deliciava-se emocionadamente com as pernas em falso e o balanço dos quadris para lá e para cá. Era doce a canção naquele fechar de olhos.
Como se fosse só, imaginou ser alguém que pula e canta e se molha na chuva das tardes de verão. E corre e corre para depressa chegar ao lar que de tão seu já o espera ansioso, como se vida tivesse, pelo seu retornar.
Era frio no ar que respirava. Sobrava-lhe um justo e imenso espaço no buraco que o abraçava e, de tão apertado o expulsava sem compaixão. Não por nada. Apenas pela confusão do envolvimento e da prisão.
Era ali o espaço do seu silêncio, aquele que se torna pequeno demais para quem convive consigo mesmo em febre ardente de quem busca o infinito, para onde vai o tanto ar que sai do peito de quem, como ele, ama imperfeito mas, completo.