É como traduzir o silêncio que me sustenta. Páginas em relevo com o meu sagrado. Meu segredo. Secreto santuário. Flores do meu jardim, frutos do meu quintal. Mais uma parte que parte, põe-se a caminho, segue viagem, vai embora, retira-se, afasta-se, foge. Mais uma parte que parte, dividi-se, separa, quebra, reparte-se. Mais uma parte que parte, tem origem ou começo, procede, provém, decorre, deriva, nasce de mim.Mais uma parte do segundo mais tarde, nas ruas que escolhi.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Imagine! Be A dreamer! Join us!

Imagine!!! Be a Dreamer! 

Sonhe e trabalhe por um mundo melhor!

It´s possible! It isn't hard to do!

 

Esse vídeo é uma mensagem de esperança para o ano que se inicia! Nosso irmão John Lennon, espírito que tinha por missão fazer aquilo que nenhum professor em sua época até então conseguirá, despertar o amor entre seus semelhantes…


Imagine

Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today

Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace


You may say
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will be as one


Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world


You may say,
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will live as one

Imagine

Imagine não existir paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum inferno abaixo de nós
Acima de nós apenas o céu
Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje


Imagine não existir países
Não é difícil de fazê-lo
Nada pelo que matar ou morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz


Você pode dizer
Que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Eu tenho a esperança de que um dia
você se juntará a nós
E o mundo será como um só


Imagine não existir posses
Me pergunto se você consegue
Sem necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade de homens
Imagine todas as pessoas
Compartilhando todo o mundo


Você pode dizer
Que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Eu tenho a esperança de que um dia
Você se juntará a nós
E o mundo será como um só

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Canto em silêncio

Um canto em silêncio.
Canto bem quietinha,
Canto quietinho, em silêncio.
Canto por dentro
Dentro de mim, no meu canto

Tanto faz o canto
O som é o canto em silêncio
Em canto de silêncio,
Um encanto silencioso.

Em 26/12/2010

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Ofereço-me






Esqueço meu passado. Agora mesmo tudo pode ser transformado. Com a força da vontade íntima e o poder da concentração tudo pode ser transmutado. Chega de ser prisioneira dos maus hábitos. Faço dos bons hábitos um barco para atravessar o mar de ilusão. Um barco que suporta todas as tempestades e protege minhas células da fúria de toda contestação. Que dentro de mim brote o amor. O amor inesgotável. Que todas as células do meu corpo sintam e vibrem em amor. Que todo meu ser seja puro em amor. Há um plano maior, além de minha percepção. Algo poderoso que nos guia. O plano é incontestável e infalível. É irresistível. È um plano de amor. Tudo que faço é me entregar e seguir. Firme e confiante. Sou um instrumento voluntário na Grande Obra. Ofereço-me por inteiro com todo meu coração, com toda minha força. Que o amor não encontre barreiras em meu ser e nele flua em uma corrente continua. Que torne meu intimo em um altar onde reverencio o sagrado. Que o grande resgate seja feito. Que todas as partes escuras pela ignorância sejam iluminadas pela luz da sabedoria suprema.  Que essa luz de origem divina me dê a visão interior e a força de seguir com amorosidade, tolerância e paz. Alegria Plena para todos os cantos do meu universo. Coloco-me a disposição. Farei o que precisa ser feito. Custe o que custar, os obstáculos serão todos superados, o ideal é maior. Temos que trabalhar todos juntos. Seguir sempre em frente. Não há nada a temer. Ele está aqui.

O presente precioso se faz com a coragem de apenas seguir.*


*Socco

domingo, 26 de dezembro de 2010

Fim dos tempos (meus)

Despeço-me
Demito-me
Exonero todos os danos
Contrato rompido!
Decesso, Óbito!
Fim de carreira,
Fim da estrada,
Fim do trilho!

Saiu de linha,
Modelo decaído!
Dispenso-me
Mando-me sair
Não quero mais!
Cesso-me,
Findo-me,
Isento-me!

Desfaço-me em pequenos pedaços.
Peças.
Mordaças esquecidas e adoentadas
que deixo para trás em despedida imediata!
Despeço-me:
_Adeus a todo eu que acaba!
Dou-me um basta!
Já chega!
Renuncio-me e vou-me embora!

Estou desobrigada, dispensada e livre!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Um aprendiz


Hoje é um dia muito especial: o último desse ano em Florianópolis.
Relendo e-mails antigos vi que em 2007, em outro último dia em Florianópolis, na véspera de me mudar para o Canadá relatei que me sentia “como uma criança na frente de um brinquedo caríssimo que mal conseguia tocar por não acreditar direito que ganhou de presente”...e acrescentei: “Mas, Deus nos presenteia com milagres...”
Sentia-me um aprendiz com o entusiasmo latente de quem vive um sonho. “O meu sonho era voar, crescer, me desenvolver e aprender...” Vivia a doçura de ser um aprendiz e a leveza da coragem. Segui sem medo, com toda a convicção necessária para enfrentar o que viria.
Uma experiência indescritível.  Os presentes de Deus são milagres!
Hoje, com o mesmo sentimento e anseio de aprendizado caminho com passos mais firmes e certos da direção. A vontade de voar rumo à libertação faz sentido e persiste em toda minha caminhada. Tenho a certeza íntima de mais esse passo, agora rumo ao nordeste do país.  Me emociono ao saber que a mensagem de 2007 ainda vale:
Um aprendiz sabe quando é um aprendiz... Um aprendiz caminha sem saber ao certo onde chegará, mas acredita em cada passo que dá, conhecendo aos poucos as bifurcações, os atalhos dourados que a ilusão lhe impõe. Aplica realidade e determinação ao prosseguir, deixando para trás os obstáculos, a poeira da estrada. Seu curso é feito de milagres, pois a medida em que segue, transforma seu barro em luz, seu engano em conhecimento, sua ilusão em verdade. Despe-se aos poucos de tudo que não lhe desperta interiormente, voltando-se contente a tudo que dá a certeza de que está em evolução. Sua busca é interminável, porque sabe não haver limites... Sua atenção é inviolável, porque sabe que tudo depende da sua própria vontade. Trás a confiança em sua conduta, pois sabe ser esta a afirmação da sua realidade. Um aprendiz deixa com que seu coração o guie, criando e recriando a cada momento a fé Naquele que jamais pode falhar. Um aprendiz sabe quando é um aprendiz...

Fica meu mais profundo sentimento de gratidão a tudo que fica e tudo que me fez.
Caminhei toda eternidade para estar exatamente onde estou.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Yesterday seems like a life ago

 

But for now it's just another lonely day
 
Wish there was something
I could say or do
 
Yesterday seems like a life ago
Cause the one i love
Today i hardly know
 
You I held so close in my heart oh dear
Grow further from me
With every fallen tear
 
 

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

mudança



Sinto como se o tempo passasse mais rápido agora
Tenho Cartas para escrever
Coisas para ajeitar
Empacotar tudo
Lavar toda a roupa e passar
Lembrar de não esquecer nada
Tenho que ficar em silêncio
Pegar o DVD
Aquietar pensamentos
Acalmar o tempo
Cuidar da saudade
Pagar a passagem
Não posso mais esquecer datas de aniversário
Quando aprenderei?
Tenho 3 semanas para isso
Juntar coisas de mim
Acordar mais cedo
Aproveitar cada momento
Não posso esquecer-me disso!
E meus amigos quando escreverei para eles?
Como saberão que estão em mim?
Tenho que organizar tudo
Será que cabe em um espaço?
Nos pedaços das coisas que junto agora
Estão a melhor parte do que se fez de mim
Em fragmentos, em partes, em metades
Em desconexões, mas, está tudo aqui
Eu não posso esquecer-me disso!
O que digo? O que sinto? O que sou? Para onde estou indo?
Deus!Falta nexo, sentido. Incoerência!
Mas, é o melhor de mim que vai
Para um melhor em mim
Eu só tenho que organizar tudo
Ajeitar tudo em um espaço
Colocar na caixa e subir
Sem espaço
Em quanto tempo se desfez o que eu deixo?
O que mesmo tenho que levar?
...É melhor só escrever as cartas
Deixar tudo certo com quem importa
Quem se importa?...
Falto em alguns compromissos
Tenho só alguns dias
O tempo se esvai
Tem mais coisas
Mas, não é para pensar no que esquecerei.
O melhor de mim em um espaço.
Um passo
E tudo mais será esquecido na poeira da estrada.

domingo, 14 de novembro de 2010

estou

    "Estou tonto, 
    Tonto de tanto dormir ou de tanto pensar, 
    Ou de ambas as coisas. 
    O que sei é que estou tonto 
    E não sei bem se me devo levantar da cadeira 
    Ou como me levantar dela. 
    Fiquemos nisto: estou tonto. 

    Afinal 
    Que vida fiz eu da vida? 
    Nada. 
    Tudo interstícios, 
    Tudo aproximações, 
    Tudo função do irregular e do absurdo, 
    Tudo nada. 
    É por isso que estou tonto ... 

    Agora 
    Todas as manhãs me levanto 
    Tonto ... 

    Sim, verdadeiramente tonto... 
    Sem saber em mim e meu nome, 
    Sem saber onde estou, 
    Sem saber o que fui, 
    Sem saber nada. 

    Mas se isto é assim, é assim. 
    Deixo-me estar na cadeira, 
    Estou tonto. 
    Bem, estou tonto. 
    Fico sentado 
    E tonto, 
    Sim, tonto, 
    Tonto... 
    Tonto." [Álvaro de Campos*]

Sinto-me assim: tonto!  
Consequência do que se quebrou. 
Permiti.

*Álvaro de Campos é dos mais um dos heterônimos mais conhecidos do poeta português Fernando Pessoa. Este fez uma biografia para cada um dos seus heterônimos e declarou assim que Álvaro de Campos: «Nasceu em Tavira, teve uma educação vulgar de Liceu; depois foi mandado para a Germânia estudar engenharia, primeiro enfermaria e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Agora está aqui em Lisboa em inatividade.»
Era um engenheiro de educação inglesa e origem portuguesa, mas sempre com a sensação de ser um estrangeiro em qualquer parte do mundo. Pessoa disse também em relação a este heterónimo que :

"Eu fingi que estudei engenharia. Vivi na Escócia. Visitei a Irlanda. Meu coração é uma avozinha que anda Pedindo esmolas às portas da alegria."
"Que náusea de vida !
Que abjecção esta regularidade ! Que sono este ser assim !"



quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Quebrei por dentro

Não há nada errado!
Sinceridade,
Parceria,
Confiança,
Dá quem tem!
Quem tem espera!
Quem espera,
Chora.

Cada um faz o que pode.
Todos tem medo.
E por isso, tudo podem,
Tudo justificam,

Já era para ter me acostumado ...
Mas, hoje eu choro.

É o choro da despedida.
O choro da desilusão.
O choro do que se desfaz.
Hoje, choro o choro dos tolos...

Não há nada de errado!
...Quebrei por dentro.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Desejo o silêncio

O que desejaria além do silêncio Supremo?
Renunciar ao que preenche a superfície do meu ser profundo
Soltar-me!
Libertar-me!
Limitações da percepção
Limite em linhas tortas e retas que em formas configuram minha restrição e isolamento da Realidade
Formas que limitam o infinito da existência
Desprender-me!
A Verdade de todas as coisas está no silêncio de todas as coisas.
O que desejaria além do silêncio?

"A minha preocupação não está em ser coerente com as minhas afirmações anteriores sobre determinado problema, mas em ser coerente com a verdade." [Mahatma Gandhi]
Ps. Como Graça Divina, desejo o silêncio.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

"O que você faria se não tivesse medo?"

Se pudesse rasgaria a página de ontem.

Achei a frase de Richard Bach que me ajuda a expressar esse sentimento: "O mundo é o seu caderno, as páginas em que você faz suas somas. Não é a realidade, embora você possa exprimir a realidade ali, se quiser. Você também tem a liberdade de escrever tolices, ou mentiras, ou rasgar as páginas." 

Escrevi tolices e mentira. Rasgaria a página.


Por outro lado, o mesmo diz: "There are no mistakes. The events we bring upon ourselves, no matter how unpleasant, are necessary in order to learn what we need to learn; whatever steps we take, they're necessary to reach the places we've chosen to go.
 Que diz que - tradução livre - Não há nenhum erro. Os eventos que acontecem, não importa quão desagradáveis sejam, são necessários na ordem que acontecem para aprendermos o que precisamos aprender; independente dos passos que damos (ou etapas que passamos), esses passos (ou etapas) são necessários para chegar onde escolhemos ir.

Então, talvez não há motivo para rasgar nada. Faz parte do que preciso aprender, no fluxo e ordem perfeita dos acontecimento para "me capacitar" e poder caminhar por onde escolhi e cumprir um compromisso íntimo. E por que pensei em rasgar? Por falta de conragem de olhar? Coragem!

Aceitar, conscientizar-se, aprender e seguir no caminho escolhido. Coragem!

Falando em coragem, ainda de  Richard Bach, faço a pergunta: "O que você faria se não tivesse medo?"
Até onde você iria?  Se não tivesse medo, qual seriam os seus limites? Hoje, talvez responderia, que iria até onde posso aceitar. Mas, até onde eu aceito? E por que não aceitaria algo que é possível acontecer? O que me limita além do medo? 

... em reflexão...

Gostei dele.



quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Um sonho azul


Acordei de um sonho bom.
Sonhei e acordei.
Um sonho cor de azul
_você esqueceu da...granola, do mel, do tênis.
_esqueci parte de mim...
_ Vai viajar sem tênis? E vai com essa roupa mesmo? A noite sempre é mais fresquinho! Você vai sentir frio!
O que fazer com corações que se partem na despedida de um abraço que deveria durar um pouco mais?
_Você acredita que as coisas acontecem por um acaso?
Ih! Essa falta vai me incomodar
Vou chorar baixinho e ninguém vai ouvir
A inspiração e a expiração, um grito
No meu céu infinito
Quase um mito.
Um sonho.
O que fazer com tantas respostas que calam no silêncio inquieto de minhas inquirições?
_Como encontrar a paz na solidão?
De um jeito tão sereno, a resposta era certa, sobrou solidão.

Você partiu.
O que fazer de mim sem paz?
Respiração!
Preciso falar com Deus
...
Um jeito tão sereno
Doce
Fala devagar
_Não acredito em acaso!
Como dizer não ao inevitável?
Tinha certeza do caminho e esqueci
...esqueci parte de mim
O sol brilha na janela
Acordo de um sonho
E agora?
O que fazer com àquelas horas?
Vou chorar baixinho e ninguém vai ouvir
Um choro de saudade do impossível
Essa falta vai me incomodar
O meu olhar ainda vê meu corpo ao sol que nasce em ritmo lento

No tempo que tudo pára

Relatividade!*
Vem que ainda sinto frio
É mais fresquinho quando amanhece
Troco todos os meus planos para decifrar a jogada
Um toque, a respiração
Ar entrando e ar saindo
Retenção sem ar
Foco em você
Ciclos de 4, ritmo de 3, 21 vezes
Os segundos são os sons das batidas no meu peito
Da próxima, 108!
Vou me acostumar
Com um erro meu
Sentar em silencio e entender
As coisas que explicava com tanta convicção
Quando as perguntas eram da falta de paz na solidão
E agora?
Eu quase amo
O que fazer de mim sem paz, na solidão.
A rosa se esconde no cabelo mais bonito
É um mito
Uma prova de amor
A força para lembrar é um esforço para esquecer
Choro de saudade Do impossível
Vivo para esquecer O envolvimento
De mim com um espelho que reflete todos meus desejos, receios, pecados
Você acredita que as coisas são somente coincidências?
Parte de mim ficou
Se tivesse mais alguns segundos, nossos abraços durariam mais do que tempo
Unidos no ato sincrônico de respirar
Vou falar com Deus
No silêncio do meu céu azul
Azul do sonho
Infinito dentro de mim

...
Notas:

  • Aconteceu de verdade? Qual a parte do sonho era realidade? Em que fragmentos?

  • E se eu realmente quiser falar com Deus: “tenho que ficar a sós, tenho que apagar a luz, tenho que calar a voz...tenho que folgar os nós dos desejos, tenho que ter mãos vazias, ter a alma e corpo nu, tenho que me aventurar, tenho que subir aos céus sem cordas para segurar. Tenho que dizer adeus, dar as costas, caminhar, decidido pela estrada que ao final vai dar em nada, nada , nada do que eu pensava encontrar.”

  • *Einstein publicou a Teoria Geral da Relatividade, o que envolve uma quarta dimensão: o tempo. As conseqüências dos postulados da relatividade contestam o absolutismo de tempo e espaço. A respeito do tempo que às vezes sinto parar, como no caso do nascer do sol, é explicada pelo fato de o tempo do amanhecer  em relação a mim que observava era maior que o tempo - ou minha percepção de tempo – do acontecimento das coisas dentro de mim. Talvez uma tempestade íntima acontecesse às 5h30 da manhã daquele dia em que esperava em silêncio a Terra girar.   "O intervalo de tempo em um referencial em movimento em relação a um observador externo parece ser, para este, maior que o seu próprio intervalo de tempo. Explicando melhor, se um fenômeno periódico que no referencial de um dado observador inercial ocorre com um período T parece ocorrer em um período T' maior num referencial inercial movendo-se em relação a este." [Via Wikipedia]

sábado, 30 de outubro de 2010

Por que Meditar?

Talvez muitos já tenham ouvido falar sobre os "efeitos colaterais" da meditação. Em pesquisa, encontrei esse texto enviado pelo grupo de e-mail da comunidadeZen Budista de Florianópolis,comunidade da qual participei enquanto morva lá. Esse texto elucida muito bem esses efeitos e principalmente os motivos para se meditar. Coloquei em negrito as partes que se aproximam de minha própria experiência e percepção. Para exclarecer, no Zen praticamos o zazen, "apenas sentar". Sentar em silêncio, com a mente aberta sem aceitar nem rejeitar nada. Apenas sentar. Ter a "experiência direta da realidade". Vale muito a pena ler o texto! Principalmente para quem ainda tem dúvidas a respeito do porque meditar ou procura uma motivação maior para começar nesse maravilhoso caminho! Apesar de ser um texto muito claro e até mesmo preciso, nenhuma explicação chega perto da experiência! Pare, sente, respire!


Diz-se que a meditação pode trazer benefícios físicos e mentais a quem a pratica com regularidade. Segundo estudos médicos, os seus benefícios variam entre o desenvolvimento da capacidade de concentração e de raciocínio a melhorias na atividade do sistema imunológico, a alívio de insônias e problemas relacionados com pressão alta e curas emocionais. Os praticantes Zen não deixam, porém, de contrair doenças, de sofrer, de morrer. A meditação não é um meio para se alcançar a imortalidade física ou para se libertar das leis da natureza.

Somos o que pensamos.
Tudo o que somos provém
dos nossos pensamentos.
Com os pensamentos
Fazemos o mundo.
(do Dhammapada)

Ver as coisas como elas são, incluindo nós mesmos, é o principal motivo que leva os praticantes Zen a meditarem. De um modo geral, não nos damos conta da relação entre os padrões habituais da nossa atividade mental e o sofrimento que eles causam a nós e aos outros. A observação consistente da mente, durante a meditação e ao longo do dia, revela-nos que grande parte do nosso tempo é despendido a correr atrás de certas coisas e circunstâncias e a rejeitar outras. Damo-nos conta que dependemos uma parte considerável do nosso tempo e da nossa energia a reciclar prazeres e agravos do passado, ou ocupados em como podiam ou deviam melhorar as coisas no futuro, comparando constantemente pessoas e coisas, encarando-as segundo categorias dualistas como bem e mal, desejável e indesejável, certo e errado, culpado e inocente, amigo e inimigo, etc.

Ao meditarmos, passamos a ver com maior clareza os nossos preconceitos e apegos, e isto faz com que procuremos aperfeiçoar o nosso caráter. A observação simples, honesta, não verbal, dos nossos processos mentais e emocionais produz de fato uma mudança no modo de como encaramos as situações e as pessoas que encontramos. O efeito final é uma aproximação à vida que se manifesta em atitudes de não rejeição e de não apego, de não distorção da verdade, de obtenção do excesso de satisfação de desejos e de não cedência ao auto-engano. Esta maneira de viver manifesta-se quer num plano pessoal quer num plano social, e decorre mais de uma profunda compreensão interior do que de um ato de vontade. Como consequência, tornamo-nos menos propensos, por exemplo, a tirar proveito egoísta da natureza ou do próximo, a voltar as costas à vida por ingestão de químicos ou de drogas, a fechar os olhos às necessidades dos outros e aos efeitos das nossas vidas no meio ambiente.

Uma prática contínua de plena atenção ao longo de muitos anos pode dar origem a experiências de profunda compreensão interior que transformam a visão que temos de nós mesmos, ao ponto de podermos ver que o eu a que estivemos ligados prazenteiramente ao longo da nossa vida mais não é do que uma miragem auto-construída. É como se descascássemos uma cebola. Os falsos pensamentos são removidos, camada após camada, até deixarmos de ver não só um eu dissimulado e ilusório, mas também um eu desnudado. Aspiras a descobrires o teu eu, mas acabas por descobrir que não há nada a descobrir.
Em termos mais concretos, praticar meditação faz diminuir gradualmente a errância dos teus pensamentos até experimentares um estado de “não-mente”. Perceberás naturalmente que a tua vida no passado foi construída sobre um acumular de noções errôneas e confusas que não são o teu verdadeiro eu. O teu verdadeiro eu é um que é inseparável de todos os outros. A existência objetivo de todos os acontecimentos compreende todas as várias dimensões da existência subjetiva do teu eu. Não tens, portanto, que procurar nada nem desprezar nada. O que está diante de ti em cada momento é o que tens procurado, e não podes nem tens de lhe acrescentar nada para ele ser perfeito. Ao alcançar este estádo, o praticante de meditação torna-se compassivo para com todos os humanos e todos os outros seres. O seu caráter torna-se radioso, aberto, luminoso como a luz da Primavera. Apesar de poder manifestar emoções em prol dos outros, internamente . Tal pessoa pode ser considerada neste momento iluminada.

Segundo um ensinamento essencial do Zen, a porta interior está aberta a todos, homens e mulheres, velhos e novos, sábios e ignorantes, fortes e fracos, pessoas de todas as profissões, ofícios e origens, de qualquer religião e crença.
Todas estas palavras, no entanto, apenas falam do Zen, não são em si o Zen. A meditação Zen requer a tua determinação em aprenderes e a tua persistência em praticares. Falar do Zen sem o praticar só faz aumentar o conhecimento inútil e confuso da nossa já confusa mente. Não te é salutar alimentares-te apenas com imagens de comida.

(texto cortesia de Open Way Zen, traduzido por José Eduardo Reis)

Publicado originalmente aqui.