É como traduzir o silêncio que me sustenta. Páginas em relevo com o meu sagrado. Meu segredo. Secreto santuário. Flores do meu jardim, frutos do meu quintal. Mais uma parte que parte, põe-se a caminho, segue viagem, vai embora, retira-se, afasta-se, foge. Mais uma parte que parte, dividi-se, separa, quebra, reparte-se. Mais uma parte que parte, tem origem ou começo, procede, provém, decorre, deriva, nasce de mim.Mais uma parte do segundo mais tarde, nas ruas que escolhi.

quinta-feira, 10 de março de 2011

caminho certo


Tornei-me prisioneira cativa de tudo que acredito ser certo, de todos os sinais que me indicam a direção e de toda a vontade de percorrer o caminho traçado pela justiça Suprema. Vou de um canto a outro, percorro o corredor na tentativa estranha de me tornar precisa. Sensatez na dosagem do possível. Vacilo na hora de acreditar. Isso soa estranho para minha natureza que paira no infinito. A limitação me incomoda a alma. O que quero vai além da liberdade que disponho. Vai além de um extremo ao outro. Rompe limites. Rompe circunstâncias. Rompe sentimentos, desejos e anseios idealistas. É algo que transcende tudo que vivo e concebo. Como definir meu querer? Quais são, hoje, meus critérios? Nem um pouco de tudo me faz sentido. Sou artista, sou poeta, cuido de empresas, medito, cozinho, contemplo, arrumo a cama dia sim, dia não. Mesmo tendo a possibilidade do todo, não tenho o sentido. Não tenho sentido muita coisa além de algo que em absoluto posso mesmo imaginar. É uma coisa que me rasga por dentro, me dissolve, me dilata e me devolve para o comum. É impossível para felicidade. É como se jogar de um abismo e nunca, nunca, nunca cair. Quando as moléculas do meu corpo estarão no perfume das flores, na água do mar, na terra molhada? Até quando terei que defender uma identidade que de forma alguma quero acreditar? Mas, algo dentro de mim me acalma, me conforma e me consola no sentido de “tudo tem que ser assim”. Então procuro os sinais que me indicam a direção do caminho traçado pela justiça Suprema e cultivo a vontade de fazer tudo certo, do “jeito que tem que ser” e me vejo assim, em grades, na prisão. 




Para completar...O psiquiatra Paulo Rebelato, em entrevista para a revista gaúcha Red 32, disse que o máximo de liberdade que o ser humano pode aspirar é escolher a prisão na qual quer viver. (retirado do blog muito além de mim



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